O debate entre Nixon e Kennedy: uma lição sobre forma e conteúdo.
- Anderson Baggio
- 6 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
O ano de 1960 foi marcado por um grande acontecimento midiático: a CBS transmitiu o primeiro debate presidencial televisionado da história dos Estados Unidos. O jovem senador democrata John F. Kennedy enfrentava o experiente republicano Richard Nixon, então vice-presidente americano, no contexto de tensão internacional da Guerra Fria. O evento ficou para história pelo pioneirismo, pela proporção e pelas diferentes percepções do público.
John Kennedy adotou logo de início uma postura forte no discurso e tranquila no gestual, sentou-se como se estivesse em casa e se vestiu transmitindo seriedade. Nixon era tratado como favorito por toda sua experiência, mas se abateu com o discurso inicial de Kennedy, fato relatado por seu próprio biografista. Além disso, vinha se recuperando de um internamento, usou um terno largo que contrastava pouco com o fundo e se recusou a usar maquiagem. Durante as respostas, Nixon focou em defender o governo que compunha e conseguiu elaborar bem suas teses, mas o suor e a palidez em sua face ficaram visíveis na imagem. Nixon se projetou como o político experiente que era, Kennedy se projetou como um líder firme, sério e carismático.
Quem assistiu pela televisão declarou Kennedy como o vencedor. Quem ouviu pela rádio achou que Nixon se saiu melhor. Naquela noite a audiência estimada da CBS foi de 74 milhões de pessoas.
O resultado? Pouco mais de um mês depois Kennedy foi eleito, vencendo Nixon “de virada”. Quatro dias depois o democrata reconhece que a televisão fundamental na história de sua eleição. Desde então os debates presidenciais são destaques da televisão americana, com muita atenção ao trabalho de figurinistas e maquiadores.
Toda essa história revela uma questão fundamental da comunicação: de nada adianta bons conteúdos com formas inadequadas. A coesão entre a proposta e a apresentação gera confiança, principalmente na política.
Quando for propor algo, eleitoralmente ou comercialmente, pense: quem não é capaz de se vestir, não é capaz de liderar uma nação.


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